26 de março de 2023 Por miscminas

A palavra é o remédio

por Marlene Rodrigues Gomes da Silva, Psicóloga e Terapeuta Comunitária | em 02/Maio/2018

Imagine um grupo social, ou seja, uma comunidade, com seus problemas, e, tendo a possibilidade de se encaminhar às soluções, por si mesma.

Um modo de encaminhamento pode ser através da Terapia Comunitária Integrativa, conduzida pelo Terapeuta Comunitário.

A formação do Terapeuta Comunitário é feita através de um curso presencial com uma carga horária de 260 horas/aula.

Na Região Leste de Minas Gerais essa formação acontece no Espaço de Saber, localizado no Córrego Cabeceira do Macaco, Distrito de Dom Lara, município de Caratinga.

A função do Terapeuta Comunitário pode ser exercida por qualquer pessoa que tenha interesse e desenvolve trabalhos que envolva a comunidade e que promove o encontro mais colaborativo entre os seres humanos.

Dentre os profissionais, se destacam: o educador, o médico, o enfermeiro, o psicólogo, o assistente social, o advogado, o educador físico, o antropólogo, o agente comunitário de saúde, o líder comunitário, o líder religioso, os diversos conselheiros, dentre outros.

A metodologia da Terapia Comunitária Integrativa foi desenvolvida por Adalberto de Paula Barreto, médico que fez doutoramento em Psiquiatria e Antropologia.

Através de sua função de Professor de Medicina, na Universidade Federal do Ceará, Dr. Adalberto Barreto teve contato com a comunidade de Pirambu, em Fortaleza/CE, e lá encontrou crianças, mulheres e homens vivenciando os diversos problemas cotidianos, como falta de recursos para atender suas necessidades materiais, biológicas e psicológicas e, muitas vezes, sem uma identidade. Problemas para os quais a medicina não tinha respostas e nem remédios.

Segundo Dr. Adalberto Barreto, existe remédio para o corpo, mas não é possível medicar o sofrimento.

O encontro com os moradores da Comunidade Pirambu rovocou o germe da idéia de iniciar um trabalho em benefício daquelas pessoas. Este trabalho foi se estruturando e passou a ser denominado de Terapia Comunitária Integrativa.

O termo “terapia” é usado com o significado de “acolher, cuidar, ser caloroso, servir, atender”, no sentido de aliviar o sofrimento das pessoas.

O termo “comunidade”, composto de com + um, significa como um, ou seja, agir em conjunto para solução dos problemas que são comuns. Em outras palavras, a terapia que vem da própria comunidade, pois considera que a comunidade tem em comum os problemas e os sofrimentos, mas tem, também, recursos vindos da própria experiência.

O termo “Integrativo” tem o sentido de revelar o fato de que através dos vínculos sólidos e saudáveis, da confiança gerada do encontro respeitoso, cada ser humano pode contribuir com aquilo que tem, como fruto de sua própria experiência. Por exemplo, para cuidar da saúde é necessário integrar as diversas forças vivas da comunidade – instituições, associações, famílias, indivíduos – cada um contribuindo com os recursos advindos de suas competências e experiências, em beneficio do que é comum.

Na Terapia Comunitária Integrativa a palavra é o remédio. Cada um pode falar com sua linguagem própria, muitas vezes, metafórica e marcada por expressões e termos figurados, e se sentir acolhido na sua integridade e, sendo reconhecido como sujeito histórico e social.

Essa prática nasceu na região Nordeste do Brasil e vem se espalhando por todo o território brasileiro, alguns países da América Latina, Europa e África.

O curso é realizado pelos Polos Formadores reconhecidos pela ABRATECOM – Associação Brasileira de Terapia Comunitária Integrativa, seguindo a ementa do Curso de extensão da Universidade Federal do Ceará.

O MISC Minas – Movimento Integrado de Saúde Comunitária de Minas Gerais é um dos Polos Formadores em Minas Gerais e que realiza esse curso de formação, no Espaço de Saber, dentre outros.