O termo Terapia, de origem grega, significa cuidar, visando manter saudável ou melhorar uma situação.
O termo Comunitário, constituído de “comum”, no sentido com um, ou seja, relação entre dois ou mais seres, e “ário”, que propõe a ideia de “relação, posse, origem”. Comunitário passa a ser: relação com o comum; é de posse comum e indicando origem. Pode-se inferir, a partir dessa análise, que “comunitária” significa “que tem origem nela própria”, ou seja, a terapia que vem da própria comunidade. A própria comunidade é que interage numa ação comum, onde cada membro participa com sua presença, sua experiência e sua competência em benefício do todo, redundando em benefícios para si mesmo.
A TCI promove um comportamento comunitário, ou seja, a comunidade se reúne para resolver seus problemas, a partir dos recursos próprios.
A TCI é um cuidado exercido com alteridade pelos membros de uma comunidade perante os problemas que nela se apresenta, sob a orientação de uma equipe de Terapeutas Comunitários.
Alteridade significa ter a capacidade de apreender o outro na plenitude da sua dignidade, dos seus direitos e, sobretudo, da sua diferença. Está contido no termo alteridade o fenômeno de que a existência e razão do eu é dependente do outro.
Esse modo de cuidado é resultado da prática do Professor de Medicina Social, da Universidade Federal do Ceará, doutor em Psiquiatria e Antropologia, Adalberto de Paula Barreto.
O que caracteriza a TCI como tal é o protocolo e a forma de atuar daquele que tem autorização para utilizar o protocolo, que é o Terapeuta Comunitário.
O protocolo é constituído de seis partes, quais sejam:
O propósito da TCI é cuidar, visando a emergência de novos padrões de comportamentos, que distinguem a matéria bruta da matéria sutil e do imaterial e, também, ensinar a pensar.
Segundo Adalberto Barreto, essa proposta terapêutica busca intervir no sentido de criar condições para transformar um grupo impessoal em uma comunidade dinâmica, solidária, que legitima sua história e reconhece os valores de sua cultura.
Nesse sentido, o objeto da TCI é a comunidade, constituída por seus membros, onde cada ser humano histórico e social, reconhece que tem corpo, mente e espírito.
O Terapeuta Comunitário, no exercício de sua função, tem como propósito tornar efetivo o propósito da TCI, que incentiva a partilha de experiências, numa ação colaborativa, criando um espaço de palavra, de escuta e de vínculo, possibilitando cada participante tornar-se protagonista da própria história.
Através do Curso de Formação em TCI, cuja metodologia vem:
Possibilitando aos participantes perceberem que a historia de vida deles tem um valor maior do que, muitas vezes, possam imaginar;
Oferecendo aos profissionais, líderes comunitários e religiosos a experiência de vivenciarem um método que traz benefícios para si e demais pessoas da convivência;
Promovendo o crescimento pessoal e coletivo, ou seja, o curso de TCI possibilita aos participantes a conhecerem as habilidades para desenvolver a Resiliência;
Favorecendo o fortalecimento dos vínculos e a co-responsabilidade nas ações coletivas;
Mobilizando recursos na obtenção de resultados, integrando os saberes e reduzindo estresse;
Ampliando a percepção dos problemas e das possibilidades de resolução dos mesmos, a partir das competências locais; convidando todos a serem co-responsáveis na busca de soluções e superação dos desafios;
Compreendendo que a dor do corpo é uma forma de falar daquilo que não foi dito. O Terapeuta Comunitário aprende como criar um espaço de fala para evitar que surja a doença.
Observando o que o Dr. Adalberto ensina, percebe-se que ele inclui no conteúdo de seu ensino, o antídoto que combate muitos dos impasses da convivência:
Para evitar fofoca, ele enfatiza: “quando o José fala de Maria, José está falando muito mais de si mesmo, pois quando se emite um juízo, é porque quem emitiu o juízo, conhece por experiência própria os predicados que ele atribui ao outro”.
Para diminuir as disputas de poder e os conflitos ele destaca: “cada um é rico naquilo que o outro é pobre”, ou seja, pode-se ser bom em determinado assunto, porém jamais um individuo sabe sobre tudo. Aquela pessoa que tem 40, 50 ou 60 anos, sobreviveu a muitos desafios e se ela está viva é por que encontrou recursos para vencê-los. Naquela área ela é especialista.
Para ajudar a sair do lugar de vítima, Adalberto Barreto pergunta: “qual é a sua dor? O que você faz da sua dor, do seu sofrimento? Continua sofrendo ou já aprendeu a si perguntar: o que essa dor está tentando me dizer que eu ainda não compreendi? O que você tem feito com as “merdas” que a vida tem colocado diante de você? Já observou que as plantas crescem e se tornam mais viçosas quanto mais “merda e estrume” você coloca na raiz pé delas?
Através da TCI você pode aprender a transformar os desafios que surgem no cotidiano, em adubo para, assim, se tornar mais forte do que os problemas.
“Ficar com raiva é como tomar o veneno e esperar que o inimigo morra”. É uma atitude, no mínimo, inteligente, acolher e legitimar a própria raiva, como parte da natureza humana, e buscar refletir qual foi o significado que minha mente deu para o fato que provocou essa emoção?
Meu primeiro mestre é minha criança. Minha primeira escola é minha família.
Por último, vamos relacionar três aspectos que o Dr. Adalberto tem destacado como primorosos para o Terapeuta:
BARRETO, Adalberto P. Terapia Comunitária passo a passo. 3. ed. Fortaleza: LCR, 2008.
GRANDESSO, Marilene A. Sobre a reconstrução do significado: uma análise epistemológica e hermenêutica da prática clínica. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000.
SILVA, Marlene R. G. A metáfora na linguagem da Terapia Comunitária: estudo de caso com pais de alunos do 1o Ciclo de uma Escola Municipal de Ipatinga/MG. Centro Universitário de Caratinga – UNEC: Mestrado Acadêmico em Educação e Linguagem, 2010.
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